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quarta-feira, 20 de março de 2019

Veneno para todos os lados

Como mostrou o Hypeness, a liberação de agrotóxicos na gestão Bolsonaro continua subindo. Enquanto o presidente está nos Estados Unidos ao lado de alguns ministros, entre eles a chefe da pasta da agricultura, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou, em dois meses, a autorização de 86 novos agrotóxicos.

O sinal verde para os novos produtos consta na edição de 21 de fevereiro do Diário Oficial da União. São 29 agrotóxicos, sendo 13 classificados como extremamente tóxicos. A conta dá, em média, 1,6 novos produtos dia. Entre eles está um velho conhecido, o glifosato.

– Veneno recorde: Na surdina, governo Bolsonaro libera 54 agrotóxicos em 47 dias

A substância fabricada pela Monsanto é proibida na França pelo potencial cancerígeno classificado pela Organização Mundial da Saúde. A empresa comprada pela Bayer foi condenada nos Estados Unidos a pagar mais de 39 milhões de dólares de indenização para o jardineiro DeWayne Johnson, diagnosticado com câncer depois de utilizar o glifosato em uma escola onde trabalhava.

Tereza Cristina lidera avanço de agrotóxicos no Brasil

A curva ascendente impressiona. Entre 2010 e 2016, a quantidade de registros esteve abaixo dos 20 por ano. A mudança se deu em 2017 (com 47 registros) e 2018 (com 60). Em 60 dias, a gestão bolsonarista bateu todos os recordes com 86 autorizações.

“O Brasil é campeão mundial no uso de agrotóxicos. Por dois motivos: o primeiro é porque um grande país agroexportador. E o segundo é a permissividade. A quantidade de produtos que a gente permite que sejam usados”, afirmou ao R7 a professora Larissa Mies Bombardi, pesquisadora do laboratório de Geografia Agrária da USP.

No cenário atual, os agrotóxicos são utilizados em novas culturas. O Mancozebe, por exemplo, é voltado para arroz, banana, feijão, milho e tomate. O Piriproxifem, pensado para o cultivo de café, melancia, soja e melão. Ambos fazem parte dos extremamente tóxicos.

Agronegócio enxerga gestão Bolsonaro como oportunidade

A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida emitiu nota de repúdio e em que critica a postura pró-agronegócio de Jair Bolsonaro. “Os agrotóxicos no Brasil já representam hoje um grave problema de saúde pública, e a inserção no mercado de mais produtos agravará ainda mais os perigos aos quais a população está submetida”.

– Relator da PL do Veneno comercializava agrotóxicos no Paraná

– Tragédia: Agrotóxico da Monsanto está exterminando as abelhas, aponta estudo

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