sábado, 11 de julho de 2020

A IMPORTÂNCIA DA RECICLAGENS

No Brasil, apenas 37% do papel produzido vai para a reciclagem, sendo que 80% é destinado para a confecção de embalagens, 18% para papéis sanitários e somente 2% para impressão.

Para cada tonelada de papel, são necessários:

  • 2 toneladas de madeira;

  • 15 árvores;

  • de 44 a 100 mil litros de água;

  • de 5 a 7,6 mil KW de energia

Cada tonelada de papel gera (volume de lixo):

  • 18 kg de poluentes orgânicos descartados nos efluentes;

  • 88 kg de resíduos sólidos (de difícil degradação)

POR QUE RECICLAR PAPEL?

No processo de reciclagem, o volume de água utilizado cai para 2,5 mil Kw. Além de reduzir o consumo de energia, a emissão de poluentes e o uso de água, a reciclagem diminui a porcentagem de papel descartado como resíduo sólido.

 

Imagem - Processo de fabricação de papel. Foto: Veronica Popova/shutterstock.com

Processo de fabricação de papel. Foto: Veronica Popova/shutterstock.com

COMO É FEITA A RECICLAGEM DE PAPÉIS COLETADOS EM CENTROS URBANOS?

Papéis coletados, normalmente, estão misturados com outras substâncias – na impressão de logotipos, como adesivos. Na primeira etapa do processo de reciclagem de papel, o material coletado é triturado e forma uma espécie de pasta de celulose. Assim, a pasta é peneirada com o objetivo de retirar todos as impurezas.

A retirada de componentes da pasta da celulose é realizada com a inserção de outros compostos químicos, como água e soda cáustica. Os refinadores utilizados fazem o processamento da pasta para melhorar a ligação entre as fibras de celulose, realizando o branqueamento do material. Depois, a pasta segue para as máquinas produtoras de papel.

A qualidade da reciclagem depende do processo aplicado. A contaminação com outros materiais, como ceras, plásticos, tintas, metais, vidros, óleos e outros inúmeros componentes, não pode ocorrer. Para isso, a subdivisão entre papel reciclável e papel não reciclável é aplicada.

A reciclagem de papel contribui diretamente para a preservação dos recursos naturais (matéria-prima, energia e água), redução da poluição e da geração de resíduos urbanos sólidos. No entanto, mesmo com tantos benefícios para o meio ambiente, a indústria do papel aplica poucas práticas para a diminuição de impactos nocivos para a natureza. Mas vale ressaltar que a utilização racional do papel e o consumo sustentável são imprescindíveis para a coleta seletiva efetiva.


A RECICLAGEM DE PAPEL E OS RECURSOS NATURAIS DO MEIO AMBIENTE

A consciência na utilização de recursos naturais de forma mais responsável é uma prática que deve ser aplicada em sociedade. Podemos ativar esta cidadania de diversas maneiras, e uma delas é demonstrando em números o impacto causado ao meio ambiente. Na fabricação tradicional de uma tonelada de papel, é necessário o uso de 100 mil litros de água. Já os reciclados precisam de somente dois mil litros de água por tonelada fabricada. Os números são impressionantes em relação ao consumo de energia, que é algo aproximado entre 50% a 80% de economia.

É uma lógica simples: quanto mais papel é reciclado, menos madeira é usada para a produção de papel, ou seja, um número menor de árvores é derrubada. Tudo é um ciclo. O papel é reciclado para diferentes objetivos e isso também altera a qualidade para cada papel reciclado. Esta qualidade está relacionada com o comprimento das fibras de celulose, como abordamos anteriormente. Desta forma, quanto mais vezes o papel for reciclado, mais curtas serão suas fibras. Estima-se que o papel pode ser reciclado até seis vezes.

Na Alemanha, por exemplo, o papel reciclado é misturado com vários outros tipos de papéis, mesmo os de fabricação tradicional. Existem tecnologias para monitorar e equiparar a qualidade do papel com a do papel tradicional. Desta maneira, o uso do reciclado é aplicado em quase todos os setores de consumo e demanda. Com toda a certeza, boas práticas a serem seguidas no Brasil.

Imagem - Tiras de papel. Foto: Daniel Fung/shutterstock.com

Tiras de papel. Foto: Daniel Fung/shutterstock.com

RECICLAGEM DE PAPEL E A GERAÇÃO DE RENDA

Em 2015, a publicitária e cientista Cláudia Pires e o economista Clóvis Santana fundaram a SO+MA, uma empresa que atua na periferia da cidade de São Paulo e tem como objetivo gerar renda e estimular novos hábitos, além de criar oportunidades de negócios para as comunidades. Assim, a entrega de reciclados pelos moradores é utilizada como moeda de troca para bens e serviços.

A instituição criou um programa de fidelidade que contabiliza pontos e recompensas. Caso acumule pontos na entrega de resíduos para reciclagem, estes podem ser trocados por bens e até mesmo por descontos nos comércios locais. O projeto foi lançado no bairro Capão Redondo, periferia da capital, que até o final de 2017 tinha 266 famílias cadastradas e já recebeu mais de 50 toneladas de reciclados. Desta maneira, em média, as famílias conseguem receber R$ 250,00 mensais com as trocas.


PAPEL DE GARRAFA PET

Sim, é possível produzir papel a partir de outros materiais recicláveis, como o PET (polímero termoplástico). Ele foi criado em 2015 por empresários mexicanos. A melhor parte é que ele é biodegradável e não necessita de água nem componentes químicos em sua produção. Além disso, pode substituir o papel tradicional tranquilamente.

"Nós fabricamos papel ecológico criado com garrafas PET, carbonato de cálcio e pedra. Nós não usamos água ou produtos químicos, como o cloro. O papel mineral é mais forte do que o padrão – você não pode quebrá-lo com as mãos – é impermeável, tem a qualidade de ser fotodegradável e só absorve a quantidade necessária de tinta ao ser impresso", disse Ever Adrian Nava, cofundador da empresa Cronology, ao site Investigación y Desarollo.

Antes de transformar o PET em papel, primeiro é preciso converter as garrafas de plástico em grânulos de plástico, esmagando-as com vários pedaços de carbono de cálcio, para criar uma mistura sujeita a um processo de fundição a mais de 100 graus celsius, para formar grandes folhas de papel, que são enroladas e formam folhas menores.

O principal objetivo do papel de PET é evitar o desmatamento e reduzir os custos de produção, pois o país produz, atualmente, 700 mil toneladas de papel por ano para atender às necessidades do mercado local. A produção de uma tonelada de papel economiza até 20 árvores e 56 mil litros de água. Além disso, com 235 kg de grânulos de PET é possível criar uma tonelada do papel mineral.


PAPEL DE PLÁSTICO

Além do papel feito de garrafa Pet, existe o papel plástico feito a partir da reciclagem de embalagens de biscoito, picolé, salgadinhos, barrinhas de cereal e sacolas plásticas. Batizado de Vitopaper, é produzido no Brasil pela empresa Vitopel e foi desenvolvido em parceria com a universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo.

O Vitopaper não fica amarelo, não molha e não rasga facilmente. Ele se assemelha com o papel couchê e pode ser utilizado para a impressão de diversos materiais, inclusive livros e cadernos. A cada tonelada de Vitopaper produzida, estima-se que 750kg de plástico deixem de ir para o lixo.

terça-feira, 7 de julho de 2020

reciclagem no Mundo

Montanha de lixo eletrônico não para de crescer no mundo

#Mundo | São gerados no mundo 53 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano. Teoricamente, tudo poderia ser reciclado.
Enviado por okardec, em 
Se as regiões com a maior produção per capita de lixo eletrônico forem escurecidas num mapa mundi, ficará escuro na Europa, na América do Norte, na Austrália e na Nova Zelândia.

Um americano gera, em média, mais de 19 kg de lixo eletrônico por ano. Um alemão, cerca de 23 kg, e um norueguês, até mesmo mais de 28 kg.

Em todo o mundo são 53 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano, composto de todo tipo de aparelhos, como celulares, computadores, geladeiras e células fotovoltaicas, afirma o mais recente estudo sobre o tema, apresentado pela Universidade das Nações Unidas nesta quinta-feira.

A maior parte desses produtos vai parar no lixo - ainda que eles não sejam, nem de longe, sem valor. Dentro deles há, com frequência, materiais como ouro, prata, platina, cobre, ferro ou terras raras, no valor total estimado de 57 bilhões de dólares.

Mesmo assim, no ano passado menos de um quinto dessa montanha de lixo foi reciclada. O resto tem destino incerto. Em parte vai parar no lixo comum e acaba sendo largada num lixão ou queimada. Outra parte vai parar na mão de comerciantes que consertam eletrodomésticos e os revendem em países de renda per capita mais baixa do que as nações industrializadas.

Uma parte considerável desse lixo (estimativas afirmam que de 7% a 20%) é exportada de forma ilegal, sob o manto do reaproveitamento ou sob o pretexto de que se trata de sucata.

Assim, velhos equipamentos eletrônicos de países ricos vão parar em depósitos de lixo no Leste Europeu, na Ásia ou na África. Lá acabam sendo recolhidos e desmontados ou simplesmente queimados.

Esse desmonte ocorre sem o uso de luvas ou qualquer tipo de proteção. A queima também é perigosa, tanto para a saúde humana como para o meio ambiente, pois, além de materiais valiosos, eletrodomésticos também podem conter substâncias venenosas.

Todo o lixo eletrônico gerado no mundo contém cerca de 50 toneladas de mercúrio, 71 mil toneladas de produtos retardante de chamas bromados e 98 milhões de toneladas de CO2 equivalentes, afirma o estudo.

De todas as montanhas de lixo geradas no mundo, a dos eletroeletrônicos é a que cresce de forma mais rápida.

"Nos últimos cinco anos, a quantidade de lixo eletrônico cresceu três vezes mais rapidamente do que a população mundial e 13% mais rapidamente do que o PIB de todos os países", afirma o presidente da Associação Internacional de Resíduos Sólidos, Antonis Mavropoulos.

"Há uma classe média crescente em muitos países que, há alguns anos, ainda eram típicos países em desenvolvimento. E neles há uma grande demanda reprimida", comenta Rüdiger Kühr, um dos autores do estudo e diretor do programa de ciclos sustentáveis da Universidade das Nações Unidas na Europa.

Além disso, há cada vez mais aparelhos elétricos, diz Kühr, mencionando como exemplos o carro elétrico, a bicicleta elétrica e até jogos de salão. E a velocidade com que novos computadores e celulares tiram do mercado os modelos antigos também aumenta.

Assim, a quantidade global anual de lixo eletrônico poderá passar para 74 milhões de toneladas em 2030, calcula o estudo. Isso poderá resultar em tragédia para o meio ambiente e para a saúde de muitas pessoas.

Kühr defende a criação de novos ciclos econômicos. Por exemplo, os consumidores não comprariam mais os produtos, mas o serviço por eles prestado. O produto continuaria sendo propriedade do fabricante.

Mas não precisa ser assim. Kühr afirma que a cota de reciclagem de eletrônicos poderia chegar a 100%. Mas o mundo está longe disso. Mesmo na Europa, onde se queria chegar a 65% em 2019, a cota atual é de 42%.

Como este teria interesse em oferecer o melhor serviço aos seus clientes, teria também interesse em oferecer bons produtos e em investir em inovações. Ele também teria interesse em fabricar produtos mais fáceis de serem consertados e de serem reciclados, pois venderia o serviço que o produto oferece e não o próprio produto.

Esse modelo já existe em alguns países, por exemplo com celulares ou máquinas copiadoras.

Kühr defende ainda que o consumidor exija dos fabricantes mais informações sobre os efeitos dos produtos sobre o meio ambiente e sobre a taxa de reciclagem deles. Essas informações já existem, mas não são utilizadas como argumento de compra.

"Acho espantoso que, no atual debate sobre as mudanças climáticas, no qual o setor automobilístico e a aviação civil fazem publicidade com iniciativas ambientais, a indústria de eletroeletrônicos deixe completamente de lado esse tema", diz Kühr.

sábado, 4 de julho de 2020

Lixo eletrônico

Nunca se produziu tanto lixo eletrónico. E vai continuar a piorar

Lixo eletrónico 2019Crédito: Inesby / Pixabay
A Humanidade gerou 53,6 milhões de toneladas de lixo eletrónico em 2019, um aumento de 21% face a 2014 e o ano em que se bateu o recorde neste campo

Opeso do lixo eletrónico produzido em 2019 é superior ao de todos os adultos na Europa: 53,6 milhões de toneladas. O registo do ano passado mostra um aumento de 21% face a 2014 e representa ainda um recorde no que toca a smartphones, computadores, eletrodomésticos e gadgets que vão parar a lixeiras. Deste lixo todo, apenas 17% foi reciclado, com a maioria a ir para aterros, a ser incinerado ou a ‘desaparecer’ no meio de muita burocracia. Estas são as conclusões do estudo internacional The Global E-Waste Statistics Partnership, apoiado por várias instituições, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU).

O cenário não deve melhorar tão cedo, de acordo com estes investigadores. Em 2030, é expectável que o volume de lixo eletrónico seja o dobro daquele que foi produzido em 20214.

Ruediger Kuehr, um dos autores do relatório, explica que estamos “no início de um tipo de explosão devido ao aumento da eletrificação que vemos em todo o lado (…) Começa com os brinquedos e basta ver o que acontece no Natal: tudo vem com uma pilha ou uma bateria. Depois passamos para os telemóveis, aparelhos de TV e computadores”, cita a publicação The Verge.

No lixo que ‘desapareceu’, há mais de 50 toneladas de mercúrio, muito do qual terá sido já libertado para o meio ambiente. Este material afeta o cérebro e pode danificar o desenvolvimento cognitivo de crianças, pelo que deve ser descartado de forma segura. Os investigadores lembram ainda que há matérias preciosas no lixo eletrónico, com as estimativas a apontarem para a existência de ouro, cobre, ferro e outros avaliados num total de 57 mil milhões de dólares, cerca de 50 mil milhões de euros ao câmbio atual.

A análise mostra que os pequenos aparelhos, como torradeiras, câmaras e brinquedos eletrónicos, constituem 32% de todo o lixo eletrónico. O segmento mais representado a seguir, com 24%, é o de grandes eletrodomésticos como frigoríficos, máquinas fotocopiadoras e painéis solares. Ecrãs e monitores representam cerca de sete milhões de toneladas, enquanto os pequenos aparelhos e gadgets de telecomunicações chegam aos cinco milhões de toneladas.

Em termos geográficos, a Ásia é a região que mais lixo eletrónico gera (é o maior e mais populoso continente), embora na Europa se produza três vezes mais lixo por pessoa do que na Ásia.

Scott Cassel, fundador do Instituto Product Stewardship, explica que “as empresas de eletrónica fazem um bom trabalho de desenhar para o prazer e para a eficiência, mas a rápida mudança na procura por parte dos consumidores significa que estão a desenhar para a obsolescência. Assim, os produtos mais recentes e fixes de hoje são o lixo de amanhã”.

Os autores recomendam que sejam criadas mais leis para tratamento e reciclagem deste lixo, que a legislação atual seja cumprida e que as políticas já desenhadas sejam colocadas em prática.