sábado, 4 de julho de 2020

Lixo eletrônico

Nunca se produziu tanto lixo eletrónico. E vai continuar a piorar

Lixo eletrónico 2019Crédito: Inesby / Pixabay
A Humanidade gerou 53,6 milhões de toneladas de lixo eletrónico em 2019, um aumento de 21% face a 2014 e o ano em que se bateu o recorde neste campo

Opeso do lixo eletrónico produzido em 2019 é superior ao de todos os adultos na Europa: 53,6 milhões de toneladas. O registo do ano passado mostra um aumento de 21% face a 2014 e representa ainda um recorde no que toca a smartphones, computadores, eletrodomésticos e gadgets que vão parar a lixeiras. Deste lixo todo, apenas 17% foi reciclado, com a maioria a ir para aterros, a ser incinerado ou a ‘desaparecer’ no meio de muita burocracia. Estas são as conclusões do estudo internacional The Global E-Waste Statistics Partnership, apoiado por várias instituições, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU).

O cenário não deve melhorar tão cedo, de acordo com estes investigadores. Em 2030, é expectável que o volume de lixo eletrónico seja o dobro daquele que foi produzido em 20214.

Ruediger Kuehr, um dos autores do relatório, explica que estamos “no início de um tipo de explosão devido ao aumento da eletrificação que vemos em todo o lado (…) Começa com os brinquedos e basta ver o que acontece no Natal: tudo vem com uma pilha ou uma bateria. Depois passamos para os telemóveis, aparelhos de TV e computadores”, cita a publicação The Verge.

No lixo que ‘desapareceu’, há mais de 50 toneladas de mercúrio, muito do qual terá sido já libertado para o meio ambiente. Este material afeta o cérebro e pode danificar o desenvolvimento cognitivo de crianças, pelo que deve ser descartado de forma segura. Os investigadores lembram ainda que há matérias preciosas no lixo eletrónico, com as estimativas a apontarem para a existência de ouro, cobre, ferro e outros avaliados num total de 57 mil milhões de dólares, cerca de 50 mil milhões de euros ao câmbio atual.

A análise mostra que os pequenos aparelhos, como torradeiras, câmaras e brinquedos eletrónicos, constituem 32% de todo o lixo eletrónico. O segmento mais representado a seguir, com 24%, é o de grandes eletrodomésticos como frigoríficos, máquinas fotocopiadoras e painéis solares. Ecrãs e monitores representam cerca de sete milhões de toneladas, enquanto os pequenos aparelhos e gadgets de telecomunicações chegam aos cinco milhões de toneladas.

Em termos geográficos, a Ásia é a região que mais lixo eletrónico gera (é o maior e mais populoso continente), embora na Europa se produza três vezes mais lixo por pessoa do que na Ásia.

Scott Cassel, fundador do Instituto Product Stewardship, explica que “as empresas de eletrónica fazem um bom trabalho de desenhar para o prazer e para a eficiência, mas a rápida mudança na procura por parte dos consumidores significa que estão a desenhar para a obsolescência. Assim, os produtos mais recentes e fixes de hoje são o lixo de amanhã”.

Os autores recomendam que sejam criadas mais leis para tratamento e reciclagem deste lixo, que a legislação atual seja cumprida e que as políticas já desenhadas sejam colocadas em prática.

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