Justiça de Goiás determina que bebês de Testemunhas de Jeová recebam sangue mesmo contra a vontade dos pais
Internados em UTI neonatal com estado grave de saúde, bebês gêmeos de 28 dias de vida receberão transfusão de sangue, por ordem da Justiça de Goiás, mesmo contra a vontade dos pais, que são Testemunhas de Jeová.
Na véspera do Natal, a decisão acatou pedido da maternidade que realizou o parto.
A juíza Patrícia Machado Carrijo considerou parecer favorável por parte do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) diante da gravidade do caso. Os gêmeos nasceram prematuros, na Maternidade Ela, no dia 28 de novembro, com 28 semanas e 5 dias, em extrema condição prematura, com 1,2 kg e 928 gramas, respectivamente.
“Eles permanecem internados na UTI neonatal sem qualquer previsão de alta hospitalar em virtude de suas delicadas e frágeis condições”, relatou a maternidade, no pedido encaminhado ao Judiciário.
“O nível muito baixo de hemoglobina em um recém-nascido pode ocasionar sérias complicações de difíceis ou impossíveis reparações, sendo a transfusão de sangue a medida que mais se adequa ao presente caso”, explicou a maternidade.
A equipe médica informou que tem adotado outras medidas paliativas a fim de realizar a transfusão de sangue somente em último caso, para resguardar a vida dos gêmeos, se eles não corresponderem aos outros tratamentos.
Depois de serem informados pela equipe médica sobre a possibilidade de realização de transfusão de sangue nos gêmeos, os pais deles não autorizaram a realização do procedimento.
Na última terça-feira (21), os pais das crianças apresentaram à maternidade uma declaração de que são da religião Testemunhas de Jeová. “Temos firmes convicções bíblicas. Assim sendo, não aceitamos transfusões de sangue”, afirma um trecho do documento assinado por eles.
“Além disso, é amplamente conhecido que as transfusões alogênicas apresentam riscos de hepatite, HIV e outros perigos para a saúde. Decidimos evitar tais riscos”, diz outro trecho do documento apresentado pelos pais, acrescentando que conhecem outros médicos que respeitam suas “convicções religiosas”.
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