sábado, 4 de janeiro de 2014

Ex-goleiro do São Paulo e atleta paraolímpico passa fim de ano em Pitanga

Bruno com os parentes de Pitanga
Bruno (primeiro da direita para a esquerda), na época que atuava como goleiro
Bruno (primeiro da direita para a esquerda), na época que atuava como goleiro
Bruno com a atleta Marinalva de Almeida
Bruno com a atleta Marinalva de Almeida
Treinador Vítor Hugo Pinheiro Marcelino, Bruno e a fisioterapeuta Berenice Chiarello
Treinador Vítor Hugo Pinheiro Marcelino, Bruno e a fisioterapeuta Berenice Chiarello
Na Inglaterra: Bruno, na Inglaterra, onde participou da Paraolimpíada em 2012, ao lado de Elaine Cunha
Na Inglaterra: Bruno, na Inglaterra, onde participou da Paraolimpíada em 2012, ao lado de Elaine Cunha
Bruno, quando goleiro
Bruno, quando goleiro
O semanário conversou, na semana passada, com o ex-jogador de futebol – terceiro goleiro do São Paulo – e velejador. Bruno Landgraf das Neves está no município de Pitanga, onde deverá ficar até o dia 6 de janeiro. O atleta veio passar o Natal e Ano Novo na casa dos tios Antônio José Honório e Nadir Landgraf, parentes por parte de mãe. Durante a entrevista, Bruno das Neves contou sobre a realização do sonho de ser jogador de futebol e amudança de planos, após um acidente que o deixou tetraplégico.

Filho de Luiz Carlos das Neves e Neide Bernardino Landgraf das Neves, Bruno nasceu em São Paulo, capital, no dia 1º de maio de 1986. Com um mês de vida, mudou-se com os pais para São Lourenço da Serra (SP), onde reside. Desde pequeno, Bruno cultivava o sonho de ser jogador de futebol. Começou a jogar aos 6 anos, época em que se destacava. Aos 11 anos, fez uma peneira no município de Itapecerica da Serra para as categorias de base do São Paulo. Passou na peneira e ficou durante três meses em teste e, assim, deu início ao sonho de ser jogador.

Bruno das Neves contou que passou pelas categorias dente de leite, infantil, juvenil, juniores até chegar a profissional em 2005. Neves disse que teve que amadurecer rápido, já que ficava longe da família para treinar.

Em 2002, Bruno das Neves foi pela primeira vez para a Seleção Brasileira Sub15 e, em 2003, foi para a Seleção Sub17, quando se tornou campeão mundial na Finlândia. Em 2005, o jogador foi para a Seleção Sub20, como reserva, ele era o segundo goleiro. Ainda em 2005, ele foi para a categoria profissional do futebol. Bruno Landgraf das Neves era o terceiro goleiro do São Paulo e um dos nomes que possivelmente substituiria o goleiro Rogério Ceni.

Pouco mais de um ano jogando no profissional, no dia 11 de agosto de 2006, Bruno das Neves sofreu um acidente, na Rodovia Regis Bittencourt. Ele dirigia um Golf, quando perdeu o controle do veículo. Do acidente, Bruno não se lembra de nada. Além de Bruno, estavam no carro o quarto goleiro do São Paulo, Weverson Maldonado Saffiotti, e as jogadoras do vôlei do Finasa-Osasco, Natália Lani Sena Manfrim, Paula Carbonari Gomes do Monte e Clarice Benício Peixoto. 

O acidente resultou a morte de Weverson Saffiotti e de Natália, e Bruno ficou tetraplégico. O semanário questionou Bruno das Neves como foi perder a conquista do sonho de ser jogador com o acidente. No entanto, respondeu que as maiores perdas do acidente foram os amigos que morreram. “Queria ser jogador, estava no Clube que sempre torci e buscava jogar no São Paulo. Com o acidente isto não aconteceu, mas de ter ficado cadeirante isso posso reverter. A maior perda foi dos meus amigos que faleceram e isso não tem volta”, lamentou.

Bruno das Neves comentou que ficou um mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), após o acidente, e passou 8 meses e 12 dias internado. O médico que cuidou do caso do ex-jogador disse a mãe de Bruno que ele possivelmente só voltaria a mexer os olhos. A mãe de Bruno, Neide Landgraf das Neves, escondeu do filho a notícia dada pelo médico. Com isso, Bruno, sem se preocupar com os avanços, foi fazendo as fisioterapias que eram recomendadas. “Movimentava apenas a cabeça e os olhos. Não conseguia falar, não comia normalmente. Não me desesperei por causa da minha mãe, que é muito religiosa e me passava bastante tranquilidade. Fiz o que tinha que fazer para ver o que iria dar. Cada ganho é um lucro. Se o médico falou que só conseguiria mexer os olhos, então, mexo os braços e consigo falar”, comentou.

Após sair do hospital, Bruno das Neves começou a fazer natação e fisioterapia, quando a professora comentou sobre a vela, em Guarapiranga (São Paulo). Então, Bruno das Neves foi conhecer, andou de vela, e gostou. No entanto, ele contou que esperou cerca de 8 meses para adaptar uma cadeira na vela e, assim, passar a velejar. Começou a treinar, em 2008, neste esporte, bem na época em que o treinador da vela Vítor Hugo havia voltado da Paraolimpíada na China e comentou sobre a classe Skud 18, em que é necessário um homem e uma mulher. “O que faço, que é o timoneiro, tem que ter uma lesão alta – a maioria é tetraplégico. E quem treinava comigo era, até ano passado, a Elaine Cunha, também cadeirante. A partir deste ano, quem treina comigo é a Marinalva de Almeida, que é amputada de uma perna”. Bruno conta que começou a treinar de forma mais séria após o treinador Vítor Hugo falar que teria chance na classe Skud 18. Em 2011, foi para o Mundial, onde conquistou a vaga para Londres 2012. “Não conhecia a vela antes do acidente, mas é um esporte muito gostoso, que qualquer pessoa pode participar”, aconselhou.

Agora, a meta de Bruno das Neves é participar da próxima paraolimpíada e quem sabe conquistar uma medalha. Ele disse que, no Brasil, os barcos de competição estavam previstos para chegar apenas no dia 24 de dezembro de 2013, no Rio de Janeiro, onde haverá um Centro de Vela Paraolímpica, já que a competição será no Rio. 

O atleta comentou que possivelmente irá para o Rio de Janeiro para recuperar o tempo que ficou sem treinar num barco de competição. Ele, que nasceu para ser um atleta vencedor, aproveitou a conversa com o semanário para deixar o recado para as pessoas não desistirem, independente do que aconteça. Bruno das Neves disse: “Não adianta ficar em casa reclamando. É preciso procurar o que se tem para fazer”.
Bruno, camisa 12

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