Tia de JHC, escolha de Lula ao STJ impacta rumo de Lira e 'Renans' em 2026

A indicação da procuradora Marluce Caldas ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), anunciada ontem pelo presidente Lula (PT), virou uma peça fundamental no xadrez para as eleições de 2026 em Alagoas.
O que aconteceu
A escolha envolve um acordo que impacta nas vagas ao governo e ao Senado e no futuro da Prefeitura de Maceió. De retorno ao PSB, onde foi eleito pela primeira vez em 2020, o sobrinho de Marluce e prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, conhecido como JHC (PL), teria se comprometido com Lula a não deixar o cargo no ano que vem —depois de já ter acordado com o ex-senador e atual vice-prefeito Rodrigo Cunha (Podemos) de que se afastaria da prefeitura.
Isso abriria caminho para Lira concorrer ao Senado com menos problemas. Com duas vagas disponíveis, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) pretende concorrer pela última vez à Casa que já presidiu —e terá apoio de Lula para isso —, ao passo que o o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) gostaria de mudar de plenário no Congresso. Um improvável pacto de não agressão entre os adversários, por mais que não se apoiem, não está descartado.
Com o popular JHC na equação, esse caminho ficaria mais difícil. Aliados tanto dos Calheiros quanto do prefeito dizem que ele não teria cacife para concorrer ao governo do estado contra o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), que calcula voltar ao governo no ano que vem. Bem avaliado durante os dois mandatos, ele é considerado hoje o único nome mais popular em Alagoas que o prefeito da capital —o que faria JHC optar pelo Senado. Nessa conta, avaliam que Lira ficaria no terceiro lugar.
Lula tenta promover essa união de olho no palanque do estado. Além do eleitorado tradicional dos Calheiros e em grande parte do interior, o petista ganharia mais força na capital (única do Nordeste onde perdeu em 2022) e em cidades-chave, se tivesse ainda JHC e Lira ao seu lado.
Além disso, Lira continua sendo importante para o governo. Apoiador de Jair Bolsonaro (PL) e alvo de diversas críticas do então candidato Lula em 2022, Lira se aproximou do presidente enquanto ainda presidia a Câmara, e eles tiveram de manter o bom relacionamento, agora que ele é relator da proposta de alteração do Imposto de Renda, considerado hoje o projeto mais importante do Lula 3.
Não é tão fácil assim
Esse seria o mundo ideal para todos, mas não deverá ser tão simples assim, dizem pessoas próximas a essas lideranças. Aliados dos Calheiros dizem que "ninguém confia" que JHC manterá sua palavra, pois ele ficaria dois anos "no limbo" depois de deixar a prefeitura em 2028, e acreditam que ele "não tem como descartar tamanha popularidade".
Interlocutores do MDB local também lembram que JHC tem um acordo com Rodrigo Cunha. O atual vice-prefeito abriu mão da vaga ao Senado para que a suplente, Eudócia Caldas (PL), mãe de JHC, assumisse o cargo. Com isso, Cunha se juntou a JHC, com a promessa de que ficaria dois anos para tentar a reeleição em 2028.
Se JHC descumprir o acordo, poderá tentar desafiar Renanzinho no governo, sabotar Lira no Senado ou tentar uma vaga na Câmara, onde seria eleito. Essa terceira opção, avaliam interlocutores, poderia ser mais uma saída que resguardaria a união improvisada.
Com retorno ao PSB acertado, membros do partido dizem que, por mais que tenha sede de poder, o prefeito não enfrentaria tanta gente assim. A legenda é vinculada a Lula, e o presidente nacional, João Campos, prefeito de Recife, tem a aliança estabelecida com Lula como peça fundamental para o seu futuro político.
Se Renan Filho também desistir de voltar ao estado, o cenário muda. O MDB seria alçado a vice de Lula em 2026, para fortalecer a aliança, e o alagoano seria um dos nomes mais cotados para assumir o posto, junto ao governador do Pará, Helder Barbalho, e à ministra do Planejamento, Simone Tebet (MS). Isso, no entanto, também depende da costura do futuro do atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), em São Paulo.
Há ainda nomes que correm por fora, algo que costuma surpreender em Alagoas. O deputado federal Alfredo Gaspar (União) segue prometendo concorrer ao Senado, mesmo que o partido não queira. Ex-promotor e ex-secretário de Segurança Pública, ele se aproximou do eleitorado bolsonarista, que tem uma força considerável no estado, em especial na capital.
Muita água vai rolar, dizem aliados e parlamentares alagoanos. Eles pontuam que, por mais que tudo seja apalavrado hoje, tudo dependerá, no fim, de como cada uma dessas forças políticas estará no início de 2026, incluindo o governo federal.









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