quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Taxa de abstenção maior deve reduzir distância de votos entre candidatos a presidente

A cada cinco eleitores, um deles deixou de comparecer à urna no primeiro turno da eleição presidencial. Dos 143 milhões de eleitores brasileiros, 28 milhões não registraram seus votos. Em números precisos, 19,39% do total de eleitores se ausentaram das urnas. A abstenção cresce desde 2006, quando atingiu 16,75%, e se aproxima do recorde registrado nas eleições presidenciais de 1998, quando atingiu 21,49%.
Em uma eleição apertada, o maior ou menor número de abstenção pode ser um fator decisivo para o pleito. Embaralha até a maior ou menor precisão das pesquisas.
A seguir a série histórica, pode haver um nível de abstenção recorde no segundo turno da eleição presidencial no próximo domingo. Os dados passados mostram que o percentual de eleitores que não comparece para votar no segundo turno é maior do que no primeiro.
A curva é inversa em relação aos votos em branco e nulos. Estes em geral caem na comparação entre os dois turnos. Com apenas dois candidatos, a escolha pode parecer mais simples para muitos dos eleitores. Simples em termos políticos e também na dificuldade menor de operar e entender a urna eletrônica.
Muito dos analistas apontam a desatualização do cadastro de eleitores brasileiros como a razão mais forte para explicar as taxas de abstenção. Mortes e mudanças de eleitores demoram a chegar ao Tribunal Superior Eleitoral. Os dados de abstenção em Estados onde o cadastro biométrico foi utilizado em 100% dos eleitores podem corroborar essa análise. Nesses Estados, todos os eleitores foram recadastrados e suas digitais recolhidas para sua identificação. No Amapá, a abstenção foi de 10,4% dos votos e no Distrito Federal de  11,6%. A abstenção caiu praticamente à metade.
Os institutos de pesquisas não têm como detectar a abstenção quando fazem levantamentos de intenção de voto. Como a multa para o não comparecimento é baixa, o voto no Brasil acaba ganhando caráter semiobrigatório e a abstenção ganha um componente político, demonstrando insatisfação com o processo eleitoral. Em muitos Estados, a não realização de segundo turno para o governo do Estado estimula a desmobilização das campanhas que trabalham para levar o eleitor a ir às urnas.
Em São Paulo, que não terá segundo turno para o governo estadual, o percentual dos que não compareceram às urnas foi de 19,5%, ante 16% na eleição passada. Em Minas, o percentual foi de 20%. Sem eleição no segundo turno, também deve registrar alta maior. No Rio, com segundo turno na disputa do Palácio Guanabara, a abstenção foi de 20% e pode ficar mais próxima desse patamar.
Se as eleições fossem hoje e todos os eleitores comparecessem às urnas, levando-se em conta o mais recente Datafolha, Dilma Rousseff  (PT) obteria 67 milhões de votos e Aécio Neves (PSDB), 61 milhões. A diferença seria de 6 milhões de votos. Repetindo-se as taxas de abstenção e de votos nulos e brancos do primeiro turno, Dilma teria 54 milhões de votos, contra 49 milhões de votos de Aécio. A diferença seria então de 5 milhões de votos. Como a taxa de abstenção de aumentar, a distância entre os dois candidatos seria ainda menor. Uma eleição decidida voto a voto se anuncia.

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