segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Bachelet e Matthei, colegas de infância, se enfrentarão no segundo turno



A ex-presidente socialista Michelle Bachelet e a ex-ministra do Trabalho, Evelyn Matthei compartilharam a infância na base militar onde suas famílias viviam.
A ex-presidente socialista Michelle Bachelet e a ex-ministra do Trabalho, Evelyn Matthei compartilharam a infância na base militar onde suas famílias viviam.
A ex-presidente socialista Michelle Bachelet e a ex-ministra do Trabalho, Evelyn Matthei compartilharam a infância na base militar onde suas famílias viviam.
Quase 55 anos depois, ambas se enfrentarão em um inédito segundo turno no dia 15 de dezembro, quando pela primeira vez duas mulheres se enfrentam no Chile, com projetos diametralmente distintos e uma história trágica comum que tem seus pais como protagonistas.
Bachelet, de 62 anos, venceu Matthei, sua vizinha de infância, por 46% dos votos no primeiro turno deste domingo frente a 25% da candidata de direita, de 60 anos, a que as pesquisas anteriores atribuíam 10 pontos a menos.
Quando Michelle Bachelet tinha seis anos e Evelyn quatro, passeavam juntas de bicicleta pela base aérea de Cerro Moreno, na cidade de Antofagasta, no norte do Chile. 
Suas famílias viviam quase em frente e seus pais eram bons amigos, mas o golpe de Estado que instaurou a ditadura de Augusto Pinochet, em 1973, deu uma quinada em suas vidas.
Alberto Bachelet foi preso nesse mesmo dia e torturado até a morte por se manter fiel ao governo de Salvador Allende. Fernando Matthei era o encarregado do local onde ficou preso e depois fez parte da junta militar do regime.
A corrida presidencial chilena tem ?esses componentes tão dramáticos e incríveis, como o de duas crianças que brincaram juntas nos anos 50 depois que se transformaram em candidatas de lados opostos?, disse à AFP a jornalista Rocío Montes, co-autora do livro ?Filhas de General?, que aprofunda a história de ambas as candidatas.
?Alguém dizia que um dos grandes mistérios da política chilena é ver se isso é casual ou fruto da história?, acrescenta a autora.
Uma amizade posta à prova
Bachelet e Matthei não foram grandes amigas como seus pais chegaram a ser. Eles compartilhavam o gosto pela música e o esporte.
"Nos surpreendemos ao nos dar conta que não só eram conhecidos dentro da Força Aérea, não só eram amigos, mas que eram os melhores amigos dentro da instituição", acrescenta Montes.
Apesar de elas terem personalidades diferentes, a vida em uma base militar as leva a ter traços comuns, como o sentido de ordem, dever e o amor pelos estudos.
A morte de Bachelet pai, em março de 1974 após meses de prisão e torturas, marcou profundamente sua filha Michelle e a levou a a atuar na política que hoje a vê como a mais provável vencedora das próximas eleições, após um primeiro período presidencial, entre 2006 e 2010, quando se transformou na primeira mulher a chegar à presidência do Chile.
Fernando Matthei era diretor da Academia de Guerra onde ficou detido o general Bachelet, mas não teve responsabilidade sobre que estiveram detidos ali, segundo determinou a justiça e a convicção que se formou a própria família Bachelet.
De fato sua viúva, Angela Jeria, defendeu Matthei publicamente. ?Ela (Jeria) o defende, porque se convence de que ele não tinha a hierarquia, o cargo e a responsabilidade sobre a morte de seu marido?, disse Nancy Castillo, outra autora do livro "Filhas do general".
Evelyn Matthei foi para Londres junto com o pai para o golpe de Estado, onde aperfeiçoou seus estudos de piano e, depois, no Chile, estudou economia. Até o final da ditadura de Pinochet, na década de 80, se transformou em uma ativa militante política de um dos partidos que apoiavam a ditadura.
Na democracia, teve uma frustrada tentativa de disputar a presidência em 1993 junto com o hoje presidente Sebastián Piñera, com o qual se viu envolta em um caso de escuta telefônica que derrubou momentaneamente a corrida política de ambos.
Logo Evelyn se transformou em deputada e mais tarde, chegou ao Senado. Piñera então a convidou para integrar seu gabinete como ministra do Trabalho, posto que ocupava ao ser nomeada como candidata única da direita, após a renúncia de Pablo Longueira, vencedor das primárias, diagnosticado com depressão.

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