domingo, 10 de novembro de 2013

Cortadores de cana deixam o facão de lado e passam a estudar no PR

Funcionários veem uma oportunidade de crescimento na qualificação.
Usina de cana de Paranacity investe inclusive em alunos do ensino médio.


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As plantações de cana-de-açúcar do noroeste do Paraná estão ganhando uma imagem diferente. A tecnologia está sendo responsável pela colheita enquanto os trabalhadores, que realizavam o corte, estão trocando o facão e a enxada por cursos profissionalizantes. Uma usina deParanacity  tem investido nos funcionários e oferece cursos profissionalizantes para os trabalhadores dando uma oportunidade de crescimento, e até de mudança de cargo. 
Dessa forma, ganham os funcionários que voltam a estudar e ganha à empresa que pode manter uma mão de obra que já conhece. “Em vez de captar mão de obra externa, você capta uma mão de obra que você conhece o histórico da pessoa e é alguém da região da unidade. Dessa forma, as dificuldades vão diminuindo e é bom para todo mundo”, detalha o chefe de treinamento da usina, Rodrigo Belusci.
A cortadora de cana Solange dos Santos é um exemplo disso. Ela decidiu deixar o facão de lado para aprender a dirigir um trator e assim se tornar uma auxiliar de serviços gerais, que é responsável pela conexão e desconexão das caçambas que transportam a cana. “Se eu mudar de cargo será melhor para a minha família e a gente passa a ter mais conhecimento. Evolui mais nas coisas que vão vir”, diz a cortadora.
O treinamento é uma oportunidade única para cortadores de cana e auxiliares que têm mais chances de promoção. “Isso aqui é um trampolim. Eles vão ganhar espaço na frente se foram bem no treinamento. Daqui vão sair motoristas, tratoristas, operadores de máquinas pesadas e encarregados”, conta o instrutor de cursos, Claudio da Costa.
A usina também tem investido em jovens que têm entre 17 e 18 anos. Os adolescentes são contratados como jovens aprendizes e quando encerram o expediente, seguem para o curso profissionalizante de manutenção de máquinas e caminhões que é realizado dentro da própria empresa. A maioria deles são filhos de funcionários e, por morarem em uma cidade pequena e sem tantas oportunidades de trabalho, veem no curso uma possibilidade de crescimento. “Nem todo mundo quer nos contratar, porque falam que falta experiência, então é difícil. Mas com a qualificação fica mais fácil”, afirma Jhonatan Emanoel de Oliveira, de 17 anos.
O curso é gratuito e pode ser um passo para a contratação. O supervisor de manutenção, Marcelo Junior dos Santos afirma que o aluno aplicado e dedicado durante a qualificação tem uma vaga de trabalho garantida assim que as aulas terminam. “As empresas estão crescendo e a área de mecânica está bastante necessitada. Por isso, a empresa investe bastante em treinamento e com isso a gente tem conseguido bons talentos, temos colhido bons frutos”, destaca o supervisor. Santos ainda acrescenta que esse investimento é uma estratégia para suprir a demanda de profissionais qualificados, que atualmente está em falta no mercado.
Quem já conseguiu passar por esse trampolim, acredita que os colegas de trabalho que ainda estão em treinamento também vão conseguir realizar o mesmo sonho. Jamerson Aparecido Pereira foi contratado pela usina há nove anos para ser auxiliar de serviços gerais, mas após realizar alguns cursos profissionalizantes se tornou chefe. Atualmente, ele coordena o plantio e a colheita de mudas e dá orientações para mais de 100 funcionários. “A gente passa as coordenadas para os encarregados e faz um planejamento antecipado de onde vai colher, onde vai plantar e qual adubo e inseticida será usado. A gente faz parte do planejamento, da administração e até mesmo do plantio mecanizado”, garante Pereira, chefe do plantio.

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